Nina,
Eu sempre te dei tudo que eu podia, eu sempre me dei por inteiro pra você, mas acho que não foi suficiente. Você era a minha Margarida, a que nunca iria perder a inocência de criança. Mas seus inocentes olhos brilhavam diferentes, não tinham a mesma luz quando me viam. Suas promessas soavam culpadas. Sua boca não pedia mais a minha com tanta freqüência. Suas pétalas foram divididas, o meu bem-me-quer não queria mais apenas a mim. O cheiro do nosso amor era também de outro. Quando você proferiu essa confissão devastadora, foi como um temporal de dor, em que cada gota me atravessava de forma cortante, quis chorar, minha garganta deu um nó, eu saí pra deixar minhas lágrimas se expressarem, já que eu não havia conseguido fazer o mesmo. Aquela foi a primeira lágrima de dor derramada por amor. Senti raiva de mim por te querer tanto, por te amar tanto. Mas sinto muito, meu amor não é tão grande quanto o seu a ponto de dividi-la com outra pessoa. Se me ama, que ame apenas a mim, como eu te amei todo esse tempo, fielmente e unicamente a ti. Mas por favor, não me peça para que eu te compreenda, não me peça para ter paciência. Definitivamente não vou aceitar mais sofrer tanto assim. Suportei até onde pude, mas agora meu coração implora por uma saída, ouço seus gritos de desespero, sinto o sangue jorrando dolorosamente. Será que não entende? Você só está piorando as coisas me iludindo assim, eu preciso de sua decisão. Eu preciso me desvencilhar de você completamente, mas só vou conseguir quando você me libertar. Não há mais como você me poupar do sofrimento, afinal não há dor pior do que esperar ansiosamente e esperançosamente por uma resposta que nunca chega, então que seja fatal, eu me acostumarei a viver vazio, e quanto à dor, esta produzirá anestesia própria.
Pedro.
Texto para o Blorkutando - Tema 131ª Semana "O Triângulo"